(Re) distinguir as Heurísticas da Representatividade e da Disponibilidade: Quando Representatividade, Quando Disponibilidade?

Uma das ideias iniciais do programa de investigação “heuristics and biases” era descrever os processos cognitivos subjacentes às heurísticas da Representatividade, Disponibilidade, e Ancoragem e Ajustamento (Tversky & Kahneman, 1974). Um aspecto essencial a esse objectivo era a associação inequívoca de enviesamentos específicos a cada uma das heurísticas. Contudo, muitas vezes estes enviesamentos podiam ser explicados por diferentes heurísticas. Este problema de sobreposição é especialmente saliente no caso da Disponibilidade e da Representatividade, embora a investigação sobre esta questão tenha sido abandonada precocemente. Posto isto, o principal objectivo deste projecto é rever as concepções iniciais da Disponibilidade e Representatividade de acordo com a investigação mais recente, para chegar a uma separação conceptual clara entre as duas heurísticas, e contrastá-las empiricamente. Propomos, então que a Representatividade seja considerada enquanto processo de correspondência/semelhança com um protótipo baseado na memória (com implementação no MINERVA-DM – Dougherty, Getty & Odgen, 1999) e que a Disponibilidade seja equiparada à influência directa da informação acessível nos julgamentos, à semelhança dos efeitos de priming (e.g., Higgins & Bargh, 1987). Para testar esta hipótese é proposta uma série de estudos a partir de problemas de probabilidade, sobre a ocorrência de um de dois eventos possíveis, onde se incluem contextos de decisão associados ao “hot-hand effect” (Gilovich, Vallone & Tversky, 1985) e à falácia do jogador (Tversky & Kahneman, 1971).

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